O dólar acima de R$ 4, num primeiro momento, traz vantagens para os setores exportadores e o turismo receptivo de Santa Catarina, mas preocupa porque gera alta de inflação e uma série de consequências negativas em função disso. Essa é a avaliação de lideranças desses setores, no Estado. A turbulência cambial em função da indefinição política do país é negativa para a economia porque causa estagnação de investimentos e pressiona preços.  

O presidente da Câmara Automotiva da Federação das Indústrias (Fiesc) e diretor regional do Sindipeças, Hugo Ferreira, afirma que para o setor, essa alta é positiva inicialmente. Isso porque Santa Catarina tem empresas de autopeças que são grandes exportadoras e importantes fornecedores internacionais. O Estado responde por 4% do faturamento nacional do setor e 6% das exportações. Mas ele vê com preocupação o efeito negativo da disparada do dólar na economia brasileira, que é o maior mercado do setor. Antes dessas turbulências, a projeção é de que o setor iria faturar 10% a mais neste ano. Agora, esse resultado é dúvida. 

Mas a alta, que implica na desvalorização do real, é favorável ao turismo, especialmente na atração de estrangeiros, afirma o presidente da Associação Brasileira  de Agências de Viagens (Abav-SC), Eduardo Loch. 

– Estamos atraindo mais visitantes de países da América do Sul. O Chile é um mercado que tem crescido muito para Santa Catarina – afirma. 

Segundo ele, o dólar mais caro dos últimos meses não afetou muito, em contrapartida, as viagens de catarinenses ao exterior. As pessoas mantêm as viagens e inclusive o Estado se destaca no país como um dos maiores emissores de turistas que optam por primeira classe ou executiva em voos ao exterior. 

Conforme Miguel Ignácio, vice-presidente da Abav-SC, o câmbio favorável vai ajudar a atrair mais visitantes do Mercosul ao Estado. Ele destaca que, na última temporada de verão, SC recebeu 25% mais uruguaios, 35% mais paraguaios e 40% mais chilenos do que na temporada anterior. Esse número deve continuar crescendo porque voos charter já estão sendo contratados. Um dos mercados de destaque, segundo o empresário, é o de estudantes que fazem viagem para comemorar o fim do ensino médio. Na última temporada, Balneário Camboriú recebeu 18 mil estudantes chilenos que deixaram na cidade cerca de R$ 8 milhões. 

No geral, o turismo pode se beneficiar, mas a incerteza sobre a política e o controle das contas públicas impede o crescimento econômico e a geração de empregos. 

 

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti