Missão cumprida, irmãozinho!

O enfrentamento da covid-19 vem desembaçando superfícies e deixando transparecer virtudes, como a grandeza e a importância da amizade. No dia a dia, o que antes tomava tempo como a necessidade pela conquista material imediata, na medida que a doença se torna mais próxima, acometendo conhecidos e ceifando vidas amigas, muda de figura. E surge diante dos olhos, no trajeto a percorrer, a realidade nua e crua de que a vida é curta.

A referência dos que perderam entes queridos pode ser espelhada na pessoa do doutor Reginaldo Boppré, médico tubaronense que, no exercício da profissão, honrou com todas as letras o juramento de Hipócrates. Difícil quantificá-lo com nobres adjetivos; que digam os que o conheceram. Para o doutor Boppré, o tempo realmente era curto. Nas caminhadas das santas, longe do consultório, a sua pressa em chegar tinha propósitos; dispender de mais tempo para atender, pelo caminho, adoentados, praticando seu apostolado, espontaneamente. Não diferente com seus pares, perfurando bolhas e medicando. A mala, repleta de remédios, era uma enfermaria ambulante à disposição.

Vânio Mattos, auditor fiscal aposentado e residindo em Portugal, lembrou da recomendação durante a caminhada em 2011 sobre o uso do “oxímetro de dedo”, utilizado para ver a “oxigenação do corpo”. Saber que a sua redução é o primeiro sintoma percebível quando da contaminação por coronavírus, que infelizmente não o livrou.

O mestre e cirurgião vascular deixa legados aos filhos, irmão doutor Alberto (Betinho) e sobrinha, médicos. Ficam enraizados seus preceitos da humildade e caridade e o desejo pela prática do bem. Cabe analogia à frase escrita na lápide do ex-governador Ivo Silveira, em Palhoça (SC): “Um homem sem medo de fazer o bem e sem coragem de fazer o mal”. Ao tratar carinhosamente a todos de irmãozinho, que descanse em paz, pois a missão foi cumprida.

Covid-19 e corrupção
Para combater o coronavírus, foram necessários liberar recursos para adequar o sistema de saúde. Devido à urgência, dispensaram-se licitações delegando a executivos e gestores públicos o controle e a sua distribuição. Lógico que tem político na jogada e que, por sinal, a classe não abriu mão do polpudo fundo eleitoral de R$ 2 bilhões. No “a Deus dará” e de Norte a Sul, inescrupulosos se apoderaram fraudando compras de equipamentos médicos, superfaturando contratos, desviando recursos destinados ao combate à doença. No dito popular; “cabritos cuidando de horta”. O resto o leitor já sabe, mas forças-tarefas tentam recuperar parte desse montante. Sem controle, o que deveria salvar vidas, por vias transversas e conhecidas, agrava a situação, levando-as. Deus seja louvado!

Malhas em vigor 
Lançada oficialmente ontem (1º/9), pela secretaria da Fazenda, o uso da ferramenta que permite aos profissionais da contabilidade regularizar inconsistências (14 malhas fiscais), relativas aos clientes, resultantes do cruzamento das informações dos documentos fiscais eletrônicos. São pendências fiscais que trazem a reboque expressivo valor de imposto não recolhido. Lembrando que a nova dinâmica não impede aos auditores fiscais de ações no trânsito de mercadorias, em flagrantes de sonegação e de autuações que necessitam trabalho de inteligência.

E as reformas?
O calendário eleitoral restringe o tempo para que parlamentares tratem de temas que requeiram mais discussões e participações, como das reformas tributária e administrativa. Na caça ao voto, assuntos de grandeza nacional, como essas reformas, consideradas estruturantes, ficarão para um outro momento. E 2021 é logo ali. A continuar nesse ritmo e com eleições em 2022, quem sabe a pergunta estará respondida.

Refletindo
“Não desista facilmente, alguém está se espelhando em você”. Lembrando que estamos em setembro – AMARELO. Uma ótima semana!

 

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual de SC