Há uma nova ameaça à indústria catarinense e brasileira. Desde ontem, a China, principal parceira comercial do Brasil, é reconhecida como economia de mercado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse status já era conferido informalmente ao país asiático pelos governos de Lula e Dilma, mas só agora está valendo. Antes, as autoridades brasileiras podiam contestar as práticas de dumping (venda de produtos por preço inferior ao praticado no mercado interno chinês) junto à organização. Agora, as regras para contestar chineses serão as mesmas usadas para os demais países. Essa mudança foi tema de seminário na Federação das Indústrias (Fiesc) sexta-feira. Para a presidente da Câmara de Comércio Exterior da federação, Maria Teresa Bustamante, o governo brasileiro deveria negociar a manutenção das regras em vigor até a semana passada.

Um dos setores que podem ser mais atingidos é o têxtil e de confecções que tem sofrido impactos profundos em função da concorrência chinesa, muitas vezes considerada desleal, desde o início dos anos de 1990. Para se ter ideia do risco hoje, SC é líder nacional em novos empregos indústria este ano, com 5.146 novas vagas porque o setor de confecções do Estado, especialmente micro e pequenas empresas que produzem para grandes redes de moda, geraram 6,4 mil novas vagas. Se o dólar estivesse abaixo de R$ 3,2, provavelmente esses empregos seriam gerados na China e região, porque seria mais barato produzir lá do que aqui. Outros setores como calçados, cerâmica, metalurgia, aço também podem ser duramente atingidos.

De 1988 pra cá, 30% das ações antidumping movidas pelo Brasil foram contra a China, apurou a consultoria Barral M Jorge, também presente no seminário. Se nada for feito, SC e o Brasil enfrentarão o fechamento de empresas e perda de milhares de postos de trabalho. Só não será tão ruim nos próximos anos se Donald Trump gerar instabilidade internacional e o dólar ficar alto por aqui.

 

Via DC  – Coluna Estela Benetti