A abertura de um processo de impeachment contra o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, teve repercussão imediata nos bastidores empresariais. A avaliação geral entre lideranças de Blumenau ouvidas pela coluna é de que ainda é cedo para projetar os próximos capítulos da crise política instalada no governo, mas há um ponto de consenso: a ameaça de impedimento desde já desvia os esforços do Estado, que deveriam estar concentrados na gestão da pandemia e na recuperação da economia.

— Para a indústria vai ser uma temeridade, porque vai tirar o foco do que tem que ser feito — opina Dieter Claus Pfuetzenreiter, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de Blumenau e Região (Simmmeb).

O vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para o Vale do Itajaí, Ulrich Kuhn, lembra que o impeachment é um julgamento político. Para ele, a tramitação do processo reflete o desprestígio do governo junto ao poder Legislativo e a falta de comando de Moisés em meio à pandemia.

— É uma discussão política que agora pegou fogo, mas que já existia — observa.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau e Região (Sintex), José Altino Comper, acredita que a discussão chega em momento inoportuno. Para ele, há um problema maior a ser resolvido, que é o coronavírus.

— Em vez de se preocupar com a pandemia e com a economia, o governo vai se preocupar em se defender — avalia.

O presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, segue linha semelhante. Ele considera que as discussões políticas têm se sobreposto às reais necessidades do Estado, mas reforça a defesa pela apuração e investigação dos fatos:

— Os governos têm que ser transparentes e cumpridores da Constituição.

Os próximos movimentos desse xadrez político permanecerão no radar das empresas porque o desempenho da economia está atrelado a governos. Se tensões políticas não colaboram em nada, por outro lado não chegam ser novidade para o setor produtivo, apesar dos incessantes apelos por paz institucional. Na história recente do país, cenários de instabilidade praticamente se tornaram tópico obrigatório em qualquer planejamento estratégico.

Via NSCTotal – Coluna Pedro Machado