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Polícia Federal faz operação contra fraudes financeiras de R$ 7,5 bilhões — Foto: Johnny Inselsperger/EPTV

Operação cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em 15 cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Atuação dos bancos digitais era ilegal, segundo delegado.

A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) prendeu 14 pessoas, na manhã desta quarta-feira (28), em uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.

De acordo com a investigação, o grupo criou dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central (Bacen) para a prática das fraudes financeiras (entenda o esquema abaixo).

Os bancos digitais, chamados de ‘fintechs’, suspeitos de envolvimento no esquema são o Inovepay e o T10 Bank. O presidente da Inovepay, Patrick Burnett, está entre os presos. Por meio de nota, a empresa negou relação com os fatos e ressalta que, diferente do que foi dito pela PF, não é uma instituição financeira ou banco digital (veja a nota completa abaixo).

No total, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas. Os alvos estão espalhados em 15 cidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Do total, 13 prisões foram em Campinas. As cidades de São Paulo, Ilhabela, Sorocaba e Americana tiveram um preso cada. Todas ocorreram nas casas dos investigados. Já as apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos.

A polícia também pediu o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Veja os municípios onde há mandados:

  1. Campinas;
  2. Americana;
  3. Valinhos;
  4. Paulínia;
  5. Jundiaí;
  6. Sorocaba;
  7. Votorantim;
  8. Embu-Guaçu;
  9. Santana do Parnaíba;
  10. Osasco;
  11. São Caetano do Sul;
  12. São Paulo;
  13. Barueri;
  14. Ilha Bela;
  15. Belo Horizonte (MG).

A Justiça também autorizou a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela quadrilha para disfarçar as transações irregulares, e cancelou duas inscrições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma em Campinas e uma em Sorocaba, e quatro registros de contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco).

O material apreendido, como malotes de dinheiro, foi encaminhado à sede da Polícia Federal de Campinas. No total, 200 policiais federais foram envolvidos na operação. Entre os alvos de busca e apreensão, estão as sedes dos bancos digitais irregulares e instituições administradoras de cartão de crédito. A Receita Federal aplicou sanções fiscais às pessoas jurídicas investigadas.

O esquema

Segundo a Polícia Federal, os bancos digitais, chamados de “fintechs”, tinham contas em bancos tradicionais e ofereciam, por meio da internet, contas clandestinas que permitiam transações dentro do sistema bancário oficial.

Ainda de acordo com a corporação, essas operações acabavam “invisíveis” ao sistema financeiro. Por isso, o esquema atendia, principalmente, pessoas blindadas por ordens de bloqueio, penhora e rastreamento.

  • Entenda: a fintech atuava fazendo transferências entre seus clientes sem que houve uma real conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem.

As transações eram usadas por facções criminosas, além de empresas com dívidas trabalhistas e tributárias. A movimentação de R$ 7,5 bilhões permitia, de acordo com a PF, um “padrão de vida luxuoso aos envolvidos”.

Durante a investigação, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) denunciou as irregularidades ao Ministério Público Federal (MPF). Além das contas em bancos tradicionais, o grupo também usava máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada, o que caracteriza a lavagem de dinheiro.

A PF informou que identificou, na apuração, todos os envolvidos de alguma forma nas fraudes financeiras, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional.

O que dizem os envolvidos

Os advogados do Inove Global Group informaram que “ainda não tiveram acesso integral ao conteúdo da investigação. A empresa nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa. Também ressalta total disposição em colaborar com as investigações”.

“Importante ressaltar que o Inove Global Group é uma empresa de tecnologia ligada a meios de pagamento. E não uma Instituição financeira e nem banco digital”.

‘Concierge’

Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

O nome da operação, “Concierge”, é uma palavra francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz alusão à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais.

Via G1